Era 4ª feira. Estava sentado. Melhor dizendo: semi-deitado. Às 15h, às 18h depois de uma mega chuvada, às 21h...Aproximámo-nos. O conhecimento de há um ano permite perceber melhor como está. Aparentava estar alcoolizado, como costume àquela hora da noite, mas a não-mobilidade, o olhar parado, o facto de estar completamente encharcado sem o notar e a praticamente não-resposta às nossas perguntas fizeram-nos ficar preocupados. Falávamos com ele em inglês, porque o nosso dinamarquês é nulo.
As respostas que dava quando percebiamos poderiam ser dinamarquês, mas também nada de compreensível. Chamámos uma associação que tem médicos e enfermeiros à noite. A médica achou que o melhor era mesmo ir às urgências, mas a carrinha deles não permite levar pessoas. Chamámos outra instituição cuja equipa de rua tem carrinha e com força de homens lá o arrastámos para a mesma.
Continuava assustado. Ficámos com ele até perceber se ficaria internado no hospital. Assim foi.
No dia seguinte ligou a Assistente Social, dado que ele não tinha documentos, a pedir-nos informações. Combinámos ir na 6ª visitá-lo pelas 10h, para ele ver "caras conhecidas".
Morreu antes disso. Pela 9h. Com uma paragem cardiorrespiratória.
Acompanhado e bem cuidado.
Depois de reconhecermos o corpo (o que faz a ausência de documentação...), de revirarmos os seus pertences à procura de algum documento e de avisarmos as pessoas que ao pé dele dormiam ficámos a saber que já no Domingo não se sentia bem e que os "colegas de situação" tentaram chamar o 112, que não foi por pensar que era um caso social...
Há com cada dia...
3 comentários:
Oh! Esse era aquele "Pai Natal" de que escreveste antes que era marinheiro e desembarcou em Lisboa e por cá ficou?
Não. esse pai Natal deve ter voltado a embarcar, desapareceu. Deste viking nunca tinha falado!
Oh coitadinho do meu semi compatriota...
Beijinhos!
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