terça-feira, setembro 27, 2016

Parabéns MI - 4 anos!


Na véspera de fazeres 4 anos deitas-te a dizer: “Sabes que sou uma princesa?”. Eu respondo tontamente: “Ah és? E eu?”. “Tu não és uma princesa”, respondes apressadamente, “és a minha melhor mãe” e apimentas a resposta com um abraço apertado (continuo sem saber o que entendes que é uma princesa...).

Deitas-te e já no escuro do quarto acrescentas: “Sabes Jesus, não sei o que te vou agradecer hoje, estou tãoooo cansada…amanhã faço 4 anos e vou ter um bolo para levar para a escola, não sei se os meninos vão comer todo, mas podem! Boa noite Jesus”.

E é assim que entras nos 4 anos.

Já não acreditas na magia de soprar para as portas automáticas dos centros comerciais abrirem, mas acreditas na magia de fazer o Xavi feliz e quando passamos as portas sopras e dizes: “Vês Xavier, abriu-se!”.

Olhas o céu à noite e procuras sempre a tua estrelinha. É sempre a que te parece mais brilhante, aliás as duas mais brilhantes, porque não te esqueces de procurar a do Xavier. Sim, deixaste de o chamar de Clá e passou direto para Xavier. Quando ainda por acaso chamamos de Clá perguntas com ar de gozo “porquê esse nome?” e quando te respondemos “porque foi o nome que lhe deste quando ele nasceu”, ris-te dizendo, “mas agora já não! Ai que tonta que eu era!”.

Já estás menos trapalhona a falar, mas a velocidade estonteante com que falas ninguém ta tira. Aliás, a velocidade, a cadência ininterrupta de quem tem muito para dizer e tanto para partilhar (não vamos referir o facto de o botão do volume estar com frequência estragado…;)) e as mil perguntas que surgem do nada e de tudo o que vês. “O que é roer? O que é morrer? O que é impraticável? O que é respeitar? O que é ter Jesus no nosso coração? O que é o fogo? Não, o que é mesmo mesmo o fogo?”. “Porque é que a lua e o sol durante o dia às vezes estão no céu ao mesmo tempo e às vezes não? Porque é que eu às vezes lembro-me do que quero dizer e outras vezes esqueço as palavras? Porque é que o Xavier consegue mergulhar os olhos na piscina e eu não? Será que um dia vou conseguir? Porque é que eu tenho medo? O que é ter medo? Eu tenho saudades dos primos, porque tenho saudades? Como é que podemos ajudar pessoas que não têm carro a ir para os sítios? É um problema porque às vezes usam bastões (bengalas) e depois não conseguem entrar bem no nosso carro…Como vamos partilhar o nosso carro com elas? Não preciso de mais brinquedos mãe, tenho tantos, como vamos dar a quem não tem? Como sabemos quem são os meninos que não têm?” Tantas e tantas perguntas...

És barulhenta, falas ao mesmo tempo que dás gargalhadas, dás muitas gargalhadas, adoras andar ao colo, às cavalitas, de trepar para cima de quem mais gostas. Escondes-te atrás das pernas quando chegas aos sítios. Começaste a escola há 3 semanas e vais muito feliz todos os dias. No entanto, tens saudades do Xavi nos dias de escola e quando chegas dás-lhe abraços como se não o visses há dias e não só há 3 horas (nunca te contei que ele suspira enquanto diz “mana” baixinho quando te deixamos na sala…). Finges-te bebé quando queres os privilégios que o Xavi tem de ser bebé, raramente amuas, mas quando fazes é impossível não dar por isso. Bates o pé quando estás muito irritada e depois bates o pé porque queres mostrar que estás, mesmo quando já não estás. Começaste esta semana a fazer a cama sozinha e tiveste muito orgulho em mostrar da primeira vez “vem ver a surpresa!”. Os teus olhos continuam verdes verdes, o teu cabelo loiro palha mas dizem que estás mais parecida comigo (será?), se isso se dever ao facto de andarmos a passar mais horas juntas que bom que é. Gostas de tudo o que é ao ar livre, mas também gostas de histórias e de letras e de números. Já sabes desenhar alguns números e parece que quando consegues fazer esses rabiscos que cresces uns centímetros (sim, continuas a ser sempre a mais baixinha). Começaste a ter medo do escuro, mas agarras no “Tintim peluche” (sim, eu sei, ele tem mesmo peluche no nome) e ficas bem. Ultrapassas os teus medos quando sentes que estás preparada. E ultrapassas sem ter ninguém a ver, fruto da persistência que te caracteriza. Só (ainda) não consegues “mergulhar os olhos”... Detestas que o pai vá de viagem, temos sempre de ver no mapa onde está, como foi para lá e no calendário quando volta. Continuas a gostar de usar a almofada dele, quando ele não está. Vives intensamente tudo e não consegues ver filmes da Disney sem chorar silenciosamente. Detestas a aranha da Abelha maia e tapas os olhos quando surge. Continuas a chuchar no dedo. E a fazer festinhas na orelha quando tens sono. 
Dizes com frequência: “gosto tanto de ti”. 
E eu de ti. 
Parabéns MI!