quarta-feira, janeiro 10, 2007

A vigília do pescador


Caparica, Dezembro 2006

Na praia o vulto do pescador
É mais denso que a noite...

E enquanto espera
A sua ânsia solidifica em concha
E sonoriza os ventos livres do mar.

E enquanto espera
A sua ânsia descobre
os passos da maré na praia
e o sono do borco das canoas.

É manha
e o pescador
ainda espera

e enquanto o mar
Não lhe devolve o seu corpo de sonhos
Num lençol branco de escamas

Um torpor de baixa-mar
Denuncia algas nos seus ombros.

Mário Vaz

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