sábado, fevereiro 23, 2008

Recordo-te hoje, como sempre!

(Serra da Estrela, 1982)
Sabes, estava a pensar que histórias sobre ti colocar aqui.
Comecei por pensar que fotografia pôr e imediatamente pensei numa em que estivesse a sorrir.
Não sei se foste tu que me tiraste esta fotografia. Será o mais provável dado ser na Serra da Estrela e viver contigo nesta altura. Não só por isto como também porque sei que ao olhar para ti sorria e muito.
E isto por si só, esta memória, é uma alegria imensa.
Não posso ter memórias fotogrficas tuas dos últimos 3 anos, mas tenho a vida para trás disso, carregada de imagens, de histórias, de afectos! Sim, porque a mais importante das minhas memórias era do amor que eu sei que me tinhas, que sei que te tinha, que eu sei que todos nós te tinhamos e nos tinhas.
Acreditas que dou por mim no dia-a-dia a assobiar sozinha músicas? toda a gente me diz para não fazer "uma menina não assobia", mas nessas alturas eu penso: passei a infância a ouvir um assobio estrada fora, está cá dentro, como é bom ele por vezes sair e me permitir te recordar!
Reli hoje o que te escrevi há 3 anos. E escrevia hoje aquela carta novamente. Mas acho que acrescentava mais umas páginas: recordava as aulas de condução desastradas pelas estradas serranas;
recordava quando nunca te lembravas que eu não gostava (e ainda detesto!!!) de ovas e nos riamos por não conseguires recordar isso;
recordava quando estava fora de casa a fazer projectos de voluntariado durante umas semanas e recebia cartas anónimas que sabia serem tuas e quanto te divertias a fazê-lo;
recordava as cartas ao longo de semanas a dizer: já passou uma semana e ninguém deu por isso, duas...três...e quando descobri que isso significava que ao fim de 50 anos tinhas deixado de fumar (e ninguém tinha dado por isso!);
recordava quando gostavas de açucar e "ratavas" os bolos antes das festas num cantinho que ninguém repararia, mas que era demasiado óbvio...e grande!
recordava...
Recordava-te e recordo hoje, no dia em que há 3 anos te disse, pela última vez, "então...até amanhã avô" e sorrio, tal como há 25 anos (tenho a certeza) o fiz para esta fotografia!

2 comentários:

Anónimo disse...

mafalda-Foi com emoção que li a tua evocação sobre aquele que tanto amámos e jamais poderemos esquecer. Eu, já não tenho palavras, só lágrimas. Obrigada querida

Anónimo disse...

Mafalda...

É lindo o que escreveste...

Muito bonito mesmo!

Um grande beijinho,

inês f