Segundo um site da internet (
http://www.citi.pt) a imaginação designa:
um processo mental que consiste na reanimação de imagens sensíveis provenientes de percepções anteriores (imaginação reprodutiva) e nas combinações destas imagens elementares em novas unidades (imaginação criativa ou produtiva).E se há locais que realmente nos põem a imaginação a funcionar...
Esta imagem, típica da minha infância, povoou-me os sonhos durante anos sem fim.
Tendo vivido 5 anos no Tortosendo, terra de fabril, de têxteis, a vida desenrolava-se ao som das sirenes.
Eram as várias de manhã que chamavam os trabalhadores para as fábricas, as do almoço, que significavam que o dia já ia a meio e que teria de ir dormir a sesta, e as do fim de tarde, em que as paragens de autocarro defronte de casa se enchiam de pessoas e as ruas de sons de conversas e risos.
Traz também à memória os tempos passados "na fábrica", assim chamada pelas netas da família, que implicavam fantásticas viagens ao mundo dos pedaços de tecido, cada um mais colorido que o outro, do barulho dos teares, que faziam lembrar monstros do tempo do Ulisses e ensurdecedoramente assustadores para quem entra de fora, sem esquecer os moldes, aqueles pedaços de cartão que nos faziam olhar de lado e imaginar (mais uma vez a imaginação...) como era possível transformar aquilo num casaco de vestir!
A imaginação não para com a idade e continua a funcionar ao olhar as, agora já muitas, fábricas fechadas.
Esta, defronte de casa e do olhar, é sinónimo do estado fabril (e não febril...) em que se encontra esta zona. Os vidros partidos, o ar desolado não apelam à imaginação, são cruamente reais... ou...será que é nessa altura que é preciso soltar a imaginação?...
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Tortosendo, Dez 2005