É o teu último dia com 5 anos. Pedes que te conte o dia em que nasceste. A que horas fomos para o hospital, se comemos, se dormimos... Digo-te que fomos depois de almoço e que nasceste já depois da hora de jantar. Que decidimos (finalmente) o teu nome, estávamos nós a caminho do hospital. Conto a alegria que sentimos. Não conto a ansiedade que vivemos pensando, a certa altura, que te poderíamos perder. O Xavier interrompe e pergunta se ele continuava na barriga. Tu sorris e dizes: Estavas no coração dos pais.
Neste ano cresceste. Não muito em altura, que 1.06m coloca-te sempre nos mais baixos, mas estás a perder o ar de menina pequena. Gostas de colar brincos autocolantes quando vais a festas e de nesse dia pôr perfume.
Há meio ano choraste quando te li uma história em que a irmã mais nova pensava que tinham trocado a irmã mais velha, porque esta já não brincava com ela da mesma forma, nem se interessava pelos mesmos assuntos. Choraste e disseste: Nunca, mas nunca vou fazer isso ao Xavier! Mas, claro, já fazes. Repara que por vezes ele propõe jogar com o Playmobil e tu dizes, "agora prefiro desenhar letras, mas olha, ficamos aqui um ao lado do outro a brincar" ou por vezes preferes ver um desenho animado que não é o mesmo que ele quer, que é mais infantil.
Continuas com uma energia sem fim. A viver tudo com uma intensidade que tentamos ajudar-te a descobrir como gerir. Adoras viajar, passear, ter programas. À sexta-feira, a pergunta da praxe é sempre: Quais são os planos para o fim-de-semana? E dás a tua opinião.
És empenhada. Tanto te empenhas a vender rifas para ajudar quem precise, como rezas diariamente por alguém que está doente e pelas crianças que vivem situações difíceis. É natural em ti.
O melhor das tuas férias foi ter visto 5 estrelas cadentes. E estar na serra, deitados nas escadas de uma pequena capela, noite escura, à procura das ditas estrelas. E mergulhar em rios e piscinas sem ter pé.
Decidimos que não irias para o primeiro ano. Não foi decisão difícil, mas foi um pouco difícil para ti ver os amigos da mesma idade irem. Pedias que explicássemos que não ias mas que irias estar a aprender muitas coisas e que estavas feliz. Nunca conseguiste ser tu a dizer, mas já foste perdendo alguma da timidez. Quando ela assome pegas na mão do Xavier e dizes: Vamos os dois. Assim, a mana consegue perguntar o que é preciso.
És muito feliz na escola e contas com alegria as várias atividades e brincadeiras que fazes.
- O que mais gostaste hoje na escola, Maria Inês? - perguntei eu ontem.
- Foi de ter percebido uma coisa que o Xavier me ensinou.
- O que foi?
- Que na casa de banho da escola o tampo da sanita baixa devagarinho quando o baixamos. Não é como em casa que se empurramos ele bate e faz pum.
:)
Parabéns querida MI. Que continues a fascinar-te com o que o mundo tem para oferecer!